
Como funciona a Bitcoin
A Bitcoin é a mais antiga e valiosa criptomoeda entre milhares de alternativas que existem hoje. A Bitcoin permanece algo único e isolado devido aos seus princípios fundadores e cultura de descentralização; qualidades que nenhum outro projeto consegue replicar.
Ao contrário do sistema de pagamentos tradicional, a rede Bitcoin oferece liquidação final sem intermediários, onde transações em Bitcoin são, de facto, irreversíveis. Não há nenhum banco ou entidade capaz de fazer alterações ao registo de forma unilateral. Quando uma transação é confirmada na blockchain torna-se parte de um registo permanente e imutável.
Deste modo, a rede Bitcoin opera através de três diferentes tipos de participantes: utilizadores, nodes e miners. Os utilizadores são indivíduos ou entidades que enviam e recebem Bitcoin. Por outro lado, os nodes são computadores que executam o software da Bitcoin, que validam transações e garantem que as regras do protocolo são seguidas. No fundo, os nodes atuam como árbitros capazes de rejeitar transações inválidas e mantêm a integridade do registo na blockchain.
Finalmente, os miners são computadores especializados que competem para criar novos blocos de transações válidas. Aproximadamente, a cada 10 minutos, um miner produz um novo bloco e recebe pelo seu trabalho as taxas de transação e o subsídio de novas bitcoins que são emitidas de acordo com as regras do protocolo.
As transações na rede Bitcoin competem por espaço limitado em cada bloco, o que permite a criação de um mercado de taxas de transação. Transações maiores e mais complexas, que impliquem o processamento de mais dados, resultam em taxas de transação mais elevadas. Portanto, durante períodos de maior atividade na rede, os utilizadores competem entre si, pagando uma taxa maior, para ver a sua transação incluída o mais rapidamente possível num dos próximos blocos.
Devido a este design a capacidade de processamento de transações por parte da rede Bitcoin é mais baixa do que o sistema de pagamentos tradicional. Por exemplo, a Visa processa mais de 1000 transações por segundo, o que excede largamente a capacidade da rede Bitcoin. No entanto, transações na rede Visa não incluem liquidação final. Por isso, dependem de bancos comerciais e bancos centrais e, durante este processo, as transações podem ser revertidas. Pelo contrário, a rede Bitcoin permite liquidação final ao nível do protocolo.
Para aumentar a velocidade de processamento das transações e reduzir os custos existem soluções criadas para operar noutras camadas acima do protocolo original da Bitcoin, como por exemplo, a Lightening Network. Esta tecnologia permite aos utilizadores de Bitcoin enviar e receber bitcoins instantaneamente, a uma fração do custo da rede principal, ao mesmo tempo que os utilizadores mantêm as garantias de segurança e imutabilidade da blockchain. Assim, a rede Lightening oferece escalabilidade para pagamentos do quotidiano.
Para utilizar a rede Bitcoin, uma pessoa ou entidade deve, em primeiro lugar, adquirir Bitcoin. Pode fazê-lo, sendo pago em bitcoin, recebendo bitcoin de outro utilizador, trocando moeda fiduciária por bitcoin ou até minerando bitcoin. Tendo a Bitcoin na sua posse um utilizador pode enviar bitcoins para outros utilizadores. Ao longo do tempo, a Bitcoin evoluiu para se tornar num sistema monetário auto-suficiente em que o software automatiza a política monetária, a rede assegura a liquidação final e outras soluções como a rede Lightening permitem transações mais rápidas e mais baratas.
Assim, a Bitcoin não é apenas uma moeda. É uma infraestrutura monetária descentralizada concebida para operar sem a necessidade de intermediários ou supervisores. Para além disso, ao contrário das moedas fiduciárias como o Euro, em que o Banco Central Europeu ajusta periodicamente a oferta de dinheiro na economia de forma unilateral, a Bitcoin segue um calendário automatizado de emissão de novos tokens.
A política monetária fixa da rede Bitcoin garante que nunca poderão existir mais do que 21 milhões de bitcoins em circulação, um limite que se espera atingir em 2140. A cada quatro anos o subsídio de mineração atribuído por encontrar um novo bloco é cortado em metade, o que reduz a taxa de nova oferta.
Qualquer pessoa pode descarregar da Internet o código da Bitcoin e executar o software. Todo o código é aberto e pode ser inspecionado por qualquer pessoa, o que cria uma rede monetária com uma política transparente, previsível e resistente à manipulação.
Deste modo, o design da Bitcoin alinha os incentivos de forma a encorajar um comportamento honesto por parte de todos os participantes na rede. Os nós rejeitam transações inválidas, como por exemplo, tentativas de gastar mais do que uma vez os mesmos fundos, e rejeitam blocos em que os miners atribuem a si próprios mais bitcoins para além do valor permitido.
Quando alguém envia Bitcoin para outra pessoa, a transação é verificada por uma rede de miners. Os miners utilizam os seus computadores para gerar hashes (cadeias de caracteres de tamanho fixo) através de um processo de tentativa-erro, de forma a produzir uma hash que cumpra ou exceda a dificuldade exigida pela rede. Este processo foi concebido para obrigar os miners a gastar tempo, energia e recursos para propor blocos de transações válidos.
Este método para gerar concordância entre os utilizadores da rede sem ser necessária uma autoridade central é conhecido por mecanismo de consenso. O mecanismo de consenso da rede Bitcoin chama-se Proof-of-work. Os miners que sejam capazes de gerar hashes vencedoras obtêm o direito de adicionar o bloco proposto ao blockchain. Assim, que a rede verifica o bloco proposto, esse bloco é adicionado permanentemente à blockchain da Bitcoin e mais ninguém é capaz de alterar esse bloco.
Teoricamente, alguém com más intenções que quisesse atacar a rede poderia tentar reescrever a história do registo de transações da rede Bitcoin e criar uma cadeia de blocos alternativa de forma a apagar certas transações válidas e inserir outras fraudulentas. No entanto, o sucesso neste ataque requer enormes quantidades de poder energético e computacional.
De forma a vencer o resto da rede, um possível atacante teria que voltar a minerar todos os blocos após a alteração fraudulenta à blockchain e continuar a produzir novos blocos mais rápido do que todos os outros miners juntos. Os custos energéticos associados a um ataque deste tipo são astronómicos e impráticos o que, em última instância, incentiva os miners a agir de forma honesta e a trabalhar em conjunto para manter a rede segura.
À medida que a Bitcoin continua a crescer, está a ser desenvolvida uma infraestrutura financeira onde software faz com que as regras sejam cumpridas e a rede garante a segurança da blockchain. Assim, a Bitcoin não representa apenas uma alternativa ao sistema financeiro atual. É uma completa mudança de paradigma. É a primeira rede monetária da história verdadeiramente descentralizada, segura, transparente e aberta ao mundo inteiro.