
Bitcoin: Instrumento de Liberdade
A Bitcoin não é apenas uma nova forma de dinheiro. É uma tecnologia disruptiva que favorece a liberdade individual - uma tecnologia que dá a cada utilizador liberdade de expressão, direito à propriedade privada e acesso a uma rede monetária global para lá da influência e controlo de governos, bancos e grandes empresas. Na rede Bitcoin as transações são impossíveis de parar e são validadas e incluídas na blockchain através de uma competição global, ao invés de serem controladas por uma autoridade central.
Ao contrário de qualquer outro ativo na História, o acesso à Bitcoin pode ser escondido ou memorizado, o que faz desta tecnologia a mais resistente à confiscação e censura que alguma vez existiu na história da humanidade. O protocolo não discrimina e está operacional 24 horas por dia, 7 dias por semana independentemente de nacionalidade, sexo ou crença. Por todo o mundo, a Bitcoin já provou ser uma ferramenta de proteção dos direitos humanos, um sistema financeiro paralelo e um barco salva vidas para milhões de pessoas presas em economias falhadas e regimes opressores.
As implicações de tudo isto são profundas. Na Nigéria, um país com mais de 200 milhões de pessoas, com inflação fora de controlo e um sistema financeiro que não funciona, milhões estão a escolher a Bitcoin. Quando em 2020, milhares de jovens nigerianos organizaram protestos contra as forças especiais de polícia do país, o governo parou o suspendeu o acesso à plataformas bancárias usadas para angariação de fundos. Mas, a Bitcoin resistiu, permitindo aos manifestantes obter milhares de dólares para obter equipamento e manter o movimento vivo.
Também em Hong Kong, quando o Partido Comunista Chinês tentava acabar com a democracia, vários cidadãos pertencentes à resistência enfrentaram exílio, prisão e viram os seus ativos financeiros serem confiscados. Nesta situação, a Bitcoin voltou a ser uma raio de esperança quando os ativistas converteram fundos da sua moeda local para Bitcoin de forma a não ser possível confiscar o dinheiro. Para além disso, ATMs de Bitcoin, que não requerem qualquer tipo de identificação, permitiram que fundos fossem enviados e convertidos em moeda local de forma a ajudar jornalistas e membros políticos da oposição, que foram excluídos do sistema bancário tradicional.
No Irão, onde o sistema de sanções do ocidente excluí milhares de cidadãos da rede de comércio global e o governo ditatorial recorre continuamente à criação de dinheiro, a inflação exponencial de 20%-40% ao ano tem destruído as poupanças das famílias. Por isso, as pessoas no estrangeiro e dentro do próprio país têm usado a Bitcoin como um sistema financeiro paralelo, onde a moeda não pode ser inflacionada, para enviar dinheiro e ajudar os familiares. E no Zimbabwe, onde as pessoas ainda sofrem com o legado de Robert Mugabe, a inflação, os controlos de capitais e a exclusão financeira continuam. Um número crescente de cidadãos tem adotado Bitcoin como uma escapatória de sistema financeiro que não serve as pessoas e as mantém na pobreza.
Também na Venezuela, as pessoas têm experienciado a destruição da economia sob as lideranças de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, que prometeram prosperidade, mas que deixam para trás uma das maiores crises de refugiados do mundo. Apesar da enorme riqueza petrolífera venezuelana, o país tem sido palco de uma das maiores crises de hiperinflação da história. Milhões fugiram do país, mas alguns levaram consigo as suas poupanças na forma de Bitcoin, que começou a ser altamente adotada em 2015 e serve de refúgio financeiro para milhares de pessoas. De forma semelhante, na Bielorússia, onde o regime de Aleksandr Lukashenko congelou contas bancárias e conduziu várias operações de vigilância financeira durante os protestos de 2020, a Bitcoin desempenhou um papel crucial em manter os protestos vivos ao permitir às pessoas trocar bitcoins por Rublos para fazer face às necessidades do dia-a-dia ou poupar para o futuro.
A invasão da Ucrânia por parte da Rússia veio também revelar uma outra faceta da Bitcoin: dinheiro para refugiados. Com mais de seis milhões de ucranianos deslocados e russos a fugir também do seu governo, os sistemas bancários tradicionais falharam e deixaram muito a desejar. Contudo, a Bitcoin continuou a funcionar em toda a parte onde havia uma conexão à Internet, o que permitiu às pessoas enviar dinheiro entre países e ajudar familiares e amigos durante os primeiros dias da guerra em que o sistema fiduciário esteve inoperacional.
Em países africanos como o Togo ou o Senagal, presos ao Fraco CFA, uma moeda colonial cujo valor caiu 99% durante os últimos 75 anos, a população tem encontrado esperança na Bitcoin. Para dezenas de milhões de pessoas nessa região, muitas delas a viver em ditaduras, a Bitcoin é uma forma de protesto pacífico, um meio de construir resistência financeira à margem de um sistema que mantem as pessoas na pobreza e reconquistar a sua soberania individual.
Até mesmo em democracias consideradas estáveis, a Bitcoin tem sido uma forma de dinheiro de protesto. Em 2010, quando a WikiLeaks expôs ficheiros das forças armadas Norte-Americanas, vários governos pressionaram o Paypal, Amazon, MasterCard e Visa de forma a isolarem Julian Assange e a sua organização. O próprio Satoshi Nakamoto avisou a WikiLeaks para não utilizar Bitcoin, temendo que o excesso de atenção na tecnologia emergente pudesse prejudicar a adoção e afundar o projeto. Mas, ainda assim, a WikiLeaks abraçou a Bitcoin e foi capaz de receber financiamento, de uma forma impossível de parar ou censurar, vinda de vários apoiantes.
Mais de uma década depois, em fevereiro de 2022, o governo canadiano demonstrou o quão frágil a liberdade financeira pode ser mesmo numa democracia, quando decidiu congelar as contas bancárias de vários camionistas em protesto, acusando-os de terrorismo. Mas mesmo nesta situação a Bitcoin persistiu e uma parte considerável dos donativos feitos chegaram de forma peer-to-peer aos camionistas que tinham sido banidos do sistema bancário.
Em todas estas histórias, o tema central é o mesmo: enquanto que os governos congelam contas bancárias, a Bitcoin resiste; enquanto que a inflação destrói riqueza, a Bitcoin preserva; enquanto que fronteiras separam familias, a Bitcoin volta a juntá-las; enquanto o colonialismo e as ditaduras roubam a soberania individual, a Bitcoin restora-a. Ao longo dos últimos anos e nas situações mais difíceis a Bitcoin mostrou ser uma tecnologia que apoia os direitos humanos, suporta a resistência e a dignidade humana. É dinheiro de protesto, uma ferramenta para os oprimidos e esperaça para um futuro mais livre.